Viva Rio recebe 33 armas por dia desde o início da campanha do desarmamento

Maioria das pessoas têm medo de acidentes dentro de casa
A ONG (Organização Não Governamental) Viva Rio recebeu, em média, 33 armas por dia desde o início da campanha nacional de entrega voluntária de armas, lançada no dia 6 de maio pelo Ministério da Justiça, no Rio de Janeiro. Até a última sexta-feira (20), foram entregues 463 armas na sede da instituição, na Glória, zona sul do Rio de Janeiro.

De acordo com o primeiro levantamento da ONG, grande parte das pessoas (32%) entrega a arma com medo de que o armamento caia em mãos erradas, por temer um acidente (28%) ou medo de uma tragédia em caso de assalto (10%).
Apenas 6% mencionam a indenização e são poucos (3%) os que declaram fazê-lo “para não ser punido pela nova lei”.
Segundo o balanço, 70% do armamento são revólveres, mas há também um número significativo de pistolas (14%) e de armas longas de caça (10%). Os armamentos calibre 38 são predominantes (42%), seguido dos de calibre 32 (23%), 22 (14%) e 380 (7%).

Quanto à origem, 73% são de fabricação nacional, 23% são estrangeiras e 5% não têm informação.

Armas de "cidadãos de bem" são iguais a de criminosos



A Viva Rio comparou estes dados com os obtidos em um estudo feito pela ONG sobre as armas apreendidas na ilegalidade pela polícia do Rio de Janeiro no período de 1998 a 2008. Segundo Júlio Cesar Purcena, pesquisador do Programa de Segurança Humana da Viva Rio, o perfil geral é semelhante.

- As características das armas em circulação entre "cidadãos de bem" e os criminosos não são muito diferentes. Em ambos, predominam o revólver, o calibre 38 e a fabricação nacional.

De acordo com a pesquisa, o circuito criminal, no entanto, mostra alguns desvios importantes, como a presença de armas de fogo de uso militar (3%), que não apareceram ainda no Posto de Recolhimento Voluntário; maior presença de pistolas e de armas longas de caça; e maior variação de calibres.

Quem entrega as armas?

A a maioria das pessoas que entregam as armas na instituição são homens (68%), mas há uma presença expressiva de mulheres (32%), sobretudo quando se considera que a arma de fogo costuma ser uma propriedade masculina.

O levantamento mostra que 87% das pessoas têm acima de 40 anos. O maior grupo é composto de idosos, acima de 60 anos (44%).

Segundo Júlio Cesar, o número de jovens que entregam armas é pequeno, pois a lei prevê que o porte de arma legal só é permitido acima de 25 anos.

- O Estatuto do Desarmamento diz que tem que ter pelo menos 25 anos para adquirir uma arma de forma legal. A entrega das armas na campanha é realizada por pessoas que herdaram as armas de fogo. Em geral, o jovem não possui uma arma legal.

Para o professor Jorge da Silva, especialista em Segurança Pública e coordenador de Estudos e Pesquisas em Ordem Pública, Polícia e Direitos Humanos da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a cada ano que passa, os mais velhos se preocupam mais com a vida.

- Os idosos se preocupam mais com a vida, com as crianças. Com o passar do tempo, eles ficam mais cautelosos. A arma para eles passa a representar mais perigo.

Menino de 12 anos é baleado dentro de casa

Um menino de 12 anos foi encontrado ferido com um tiro na cabeça dentro de casa, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, na noite de sexta-feira (20). Ele está internado em estado gravíssimo, sem previsão de alta, no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio de Janeiro.

O caso está sendo investigado por policiais da Delegacia de São João de Meriti (64º DP). De acordo com a polícia, o garoto estava sozinho em casa e foi encontrado desacordado por uma vizinha que invadiu o imóvel após ouvir o disparo de um tiro.

No quarto, os policiais encontraram um revólver calibre 38, com numeração raspada, que, de acordo com os investigadores, pertence ao pai do menino, e uma bolsa que seria usada para guardar a arma.

A mãe do garoto está em estado de choque. Segundo os agentes, ela tinha levado a outra filha, que passava mal, ao PAM (Posto de Atendimento Médico) do bairro Éden, na Baixada Fluminense, e por isso não estava em casa. O pai estava no trabalho.
fonte:    r7