Poupar, quitar dívidas, ou aproveitar as férias? O que fazer com o décimo terceiro salário?

Mais de sessenta milhões de pessoas começam a receber seu décimo terceiro salário, entre trabalhadores e pensionistas. É um total de  R$ 64 bilhões que entram no mercado, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Junto com ele, chega a dúvida sobre o melhor destino para esses recursos extras: quitas dívidas, poupar ou consumir?


O décimo terceiro salário pode vir como oportunidade de uma brecha na rotina apertada, abrindo a chance para a estréia na poupança. Porém, o supervisor do Dieese José Silvestre Prado alerta para o fato de que quem não tem este costume vai ter muitas dificuldades de se organizar, porque vai se perder ao pagar as despesas típicas como IPTU, IPVA e material escolar, que se acumulam no início do ano.


Para evitar isso, ele sugere que estas pessoas, antes de pagar estas contas, separe uma parte do décimo terceiro e jogue na poupança. “Se não fizer isso, a pessoa que não tem o hábito de poupar, vai se perder nestas contas e acabar gastando mais do que pode.”


Para o economista e coordenador do curso de extensão em Finanças Pessoais, Orçamento Familiar e o Uso Responsável do Crédito da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), professor Walter Franco, quem vai usar o dinheiro para quitas dívidas também está certo. Nem todos têm a “sorte financeira” de chegar às férias no azul mas, segundo o especialista, no azul ou no vermelho, a hora é mesmo de planejar as contas de modo que os gastos de fim de ano não compliquem o orçamento. Melhor ainda se der para entrar em 2008 com uma grana no bolso. “O primeiro passo é fazer um levantamento preciso dos compromissos financeiros para descobrir a melhor forma de destinar o recurso do 13º”, diz Franco.


Depois de botar entradas e saídas no papel, a recomendação do economista, é para que se quite as dívidas pendentes antes de sair às ruas para as compras de Natal. "O 13º pode ser um grande aliado da saúde financeira se for utilizado adequadamente." Tendo uma sobra, Franco aconselha, antes de mais nada, uma aplicação na caderneta de poupança. “Enfrentar a realidade do orçamento doméstico é difícil, mas gastar com consciência e conseguir guardar dinheiro é uma boa recompensa.”


Para José Silvestre Prado, do Dieese, ter o hábito de poupar não é mera questão de conhecimentos ou dotes administrativos e sim um privilégio de profissionais que ganham bem o suficiente para ter poucas dívidas.  “Profissionais de baixo poder aquisitivo têm como única saída adquirir bens à prestação, pois é o que o orçamento lhes permite. Como agravante, seguem as taxas de juros que podem encurtar ainda mais o dinheiro, principalmente por não ser uma despesa esperada”, explica Silvestre. “Logo, o enfoque do orçamento destes tem de ser adaptado para quitar dívidas do dia-a-dia, não para poupar.”


Prado entende que a saúde financeira do país pooderia estar fortalecida se as entidades representativas dos trabalhadores de baixa renda estivessem preocupadas em conscientizar e orientar os consumidores sobre questões elementares de economia do di-a- a- dia, como as taxas de juros, aliados a dicas sobre como poupar recursos.


Tentarei poupar pelo menos a metade, o resto usarei nas festas de fim de ano e com presentes."


Eros Romaro, superintendente da AnoregSP - Associação dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo


“Primeiro, vou quitar uma dívida e dar uma incrementada nos meus equipamentos de música. O que sobrar, sem dúvida, vou gastar com viagem. Quer dizer, se sobrar algo, né?”


Bruno Garófalo Martins dos Santos, designer gráfico da Discovery Guia e Mapas Editora Ltda


"Vou quitar dívidas, pois tenho várias!" 


Karyn Kolmogoroff, gerente comercial da Planta Brasilis


Fonte: Canal RH - por Gabriel Debia