Mesmo com cheia, ribeirinhos ainda sentem efeitos da seca na Amazônia

O nível dos rios na Amazônia voltou a subir desde o ano passado, mas ainda não foi suficiente para normalizar as atividades. Agricultores que vivem na beira de rios ainda sentem os efeitos da estiagem e o escoamento de produtos permanece comprometido.



Algumas regiões com o leito do rio quase seco ainda demandam canoa e caminhar sobre a água. Segundo o agricultor Antônio Lopes, o Canal do Curari, no Rio Solimões, já estaria cheio nesta época, como em outros anos. "A água está sempre mais alta e o barco já viaja", diz ele.



Lopes tem uma tonelada de feijão para colher, mas ainda não consegue escoar a produção. Já o agricultor Paulo Moisés conseguiu uma boa safra de milho verde, com mais de 6,5 mil espigas. As 52 sacas tiveram de ser transportadas por mais de dois quilômetros. "Foi carregado nas costa, sem jumento, sem nada”, contou.



A subida das águas também ocorre em Manaus. O Rio Negro sobe em média sete centímetros por dia, ritmo considerado normal. Mas a cota está abaixo da registrada no início do mês de janeiro em anos anteriores e ainda não chegou aos 20 metros.



De acordo com Marco Antonio Oliveira, superintendente do Serviço Geológico do Brasil no Amazonas, as chuvas estão contribuindo para os rios voltarem ao normal em janeiro. "Com a retomada das chuvas na bacia do Solimões, ela começa a represar o Rio Negro e ele volta a subir, deflagrando o processo de cheia na bacia do Negro. Como também tem chovido acima da média na bacia do Negro por conta do fenômeno La Niña, esta subida deve se acentuar nos próximos dias”, explicou Oliveira, segundo quem a previsão é de que os rios se normalizem em fevereiro.
Fonte:GLOBO AMAZONIA