Polícia registra morte por overdose e dois baleados na Virada Cultural


 A Polícia Militar (PM) registrou, nas primeiras 13 horas da 8ª Virada Cultural em São Paulo, uma morte por overdose de drogas e dois baleados. A PM informou ainda ter contabilizado nove adultos presos por tráfico de entorpecentes, assaltos e estelionato, além de outros 14 adolescentes apreendidos por roubos de bonés e telefones celulares. Na Santa Casa de Misericórdia, 67 pessoas procuraram atendimento médico.
O balanço preliminar foi divulgado na manhã deste domingo (6) pela Polícia Militar, que faz a segurança do evento, que começou às 18h de sábado (5) e terminará no mesmo horário neste domingo.
A assessoria de imprensa da Santa Casa informou que, entre 21h e 9h, deram entrada no Pronto-Socorro 67 pessoas por problemas supostamente relacionados à Virada Cultural. De acordo com a assessoria do hospital, a maioria dos atendimentos é de casos de embriaguez, overdose por uso de drogas e ferimentos causados por brigas. No caso das brigas, além dos baleados, há registro de feridos com facadas.
De acordo com a PM, nove adolescentes foram detidos por arrastões na região do Vale do Anhangabaú, Sé e Viaduto do Chá. Vítimas que estavam nesta manhã na delegacia disseram que os adolescentes se reuniam em grupos de até 15 pessoas, agrediam com socos no rosto e levavam pertences.
Morte
De acordo com o major Carlos Alberto Silva, responsável pela segurança da Virada entre às 6h e 14h deste domingo, uma jovem, sem documentos, entre 17 e 18 anos de idade, morreu ao dar entrada no Pronto-Socorro da Santa Casa de Misericórdia, em Santa Cecília, com quadro de overdose.
Vale do Anhangabaú durante apresentação na madrugada de domingo (6) (Foto: Flavio Moraes/G1)Vale do Anhangabaú durante apresentação na
madrugada de domingo (6) (Foto: Flavio
Moraes/G1)
“A moça não passou pela PM. Ela foi levada ao posto médico da Virada perto do Theatro Municipal já na madrugada deste domingo, por volta das 4h", comenta o major. "Os médicos a levaram então para a Santa Casa, onde ela faleceu por overdose de cocaína e vinho químico, segundo a suspeita dos médicos”, disse o major Alberto Silva ao G1. O policial informou que foi encontrada "grande quantidade de droga" com a garota e que ela já tinha histórico de envolvimento com entorpecentes.
Em 2010, a Virada também havia registrado a morte de um adolescente de 17 anos durante uma briga em um bar na Avenida São João, próximo ao palco do rock. Em 2011, houve também confusão com feridos por faca entre punks e skinheads.
Baleados
Ainda de acordo com o major, por volta das 23h de sábado um agente da Polícia Federal foi preso em flagrante após balear um adolescente e atirar contra a Polícia Militar na Avenida Prestes Maia, perto de um dos palcos da Virada. Os policiais militares revidaram e atingiram o policial federal, que aparentava estar embriagado.
“Os policiais militares passavam pela via e viram um homem atirando em um táxi. Eles foram abordá-lo na Prestes Maia quando ele atirou na PM, que revidou. Esse rapaz é um agente da PF. Ele foi atingido no abdômen, foi socorrido à Santa Casa, mas não corre risco de morrer. Ele foi detido pelos PMs e será autuado pela Polícia Civil por resistência e tentativa de homicídio contra um civil", explicou o major.

Ele explica que o agente disparou contra o carro da polícia e feriu um adolescente. "O agente ainda atingiu um dos pneus da viatura da PM. Já o táxi foi embora, mas esse civil apareceu. É um adolescente que ele atirou nas nádegas. Essa pessoa foi socorrida e medicada. O menor contou aos policiais militares que estava conversando com um colega quando o policial federal passou por eles e deu um tapa na orelha dos garotos. Eles foram revidar e o agente sacou a arma e atirou num deles”, contou o major Alberto Silva.
O nome do policial federal não foi divulgado. O caso deverá ser registrado no 77º Distrito Policial, em Santa Cecília. O G1 não conseguiu localizar a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo para comentar o assunto. A equipe de reportagem também não encontrou os assessores da Polícia Federal em São Paulo para falar do caso.

A assessoria da Santa Casa informou que agente da PF está em observação, passa bem e não corre risco de morte. Ele está sob escolta de policiais. O adolescente ferido com um tiro nas nádegas já recebeu alta.

Vinho químico
Policiais da divisão de Saúde Pública do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), da Polícia Civil, apreenderam na noite de sábado (5), durante a Virada Cultural em São Paulo, cerca de 140 litros de um suposto vinho químico e 34 litros de uísque falsificado em três ocorrências.
Sete vendedores ambulantes (seis homens e uma mulher) foram detidos por policiais à paisana próximo à estação República do Metrô. Eles serão ouvidos ainda neste sábado no DPPC, na Avenida São João, e liberados em seguida. Será aberto um boletim de ocorrência de averiguação.
As bebidas serão encaminhadas para análise no Instituto de Criminalística (IC), que deve apresentar entre 15 e 30 dias um laudo conclusivo sobre a composição dos produtos e se eles podem ser ou não nocivos à saúde. Se for comprovado o crime, os suspeitos poderão ser enquadrados no artigo 272 do Código Penal, como falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substâncias ou produtos alimentícios. A pena para quem fabrica ou põe à venda alimentos que causem danos à saúde humana varia de 4 a 8 anos de reclusão, mais multa estabelecida pelo juiz.
Os 140 litros apreendidos até as 21h deste sábado estavam em cerca de 600 tubos plásticos com 50 ml de bebida colorida (verde, vermelha, amarela e azul), que eram vendidos por R$ 2 a R$ 3. Segundo os ambulantes detidos, eles desconhecem a origem dos produtos e os compraram por R$ 0,50 em cidades como Campinas e Poá.
Os vendedores armazenam a bebida em mochilas e abordam discretamente o público, no boca a boca, para não serem flagrados. De acordo com o DPPC, eles mantêm estoques em carros parados em estacionamentos privados do Centro. Assim, carregam uma quantidade pequena e repõe a mercadoria assim que ela acaba.
A operação da Polícia Civil para combater o comércio clandestino de bebida – principalmente, vinho químico – vai até o fim desta oitava edição da Virada Cultural e envolve 40 profissionais, entre investigadores, delegados e escrivães.
“A PM faz alerta aos pais porque o jovem está tomando muito vinho químico. É álcool puro com 20% de corante. Se andar nas ruas, cada jovem está com vinho químico na mão. Isso faz mal para a saúde e leva a morte. PM está abordando menores para ver as condições de saúde deles. A GCM também. E a prefeitura está fazendo as apreensões e levando para a delegacia”, disse o major.
Fonte g1