Chuvas afetam 200 mil pessoas e matam duas no Rio

Criança sumiu depois do temporal que atingiu a Baixada Fluminense

A Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro estima que 200 mil pessoas já foram afetadas pelas fortes chuvas que atingiram a Baixada Fluminense, a região serrana e a Costa Verde nos últimos dois dias. Até as 16h20 desta sexta-feira (4), duas pessoas morreram e duas estavam desaparecidas em consequência dos temporais.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, se reuniu com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, para discutir providências emergenciais.

Uma criança desapareceu durante a chuva que atingiu a cidade de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, na tarde da última quinta-feira (3). Segundo a Defesa Civil, ao todo, duas pessoas estão desaparecidas — uma vítima de Duque de Caxias e o menino de oito anos. Na quinta, um morador de Xerém morreu ao ser arrastado pelas águas e, nesta sexta, um homem foi atingido por uma árvore na zona norte da capital (até as 11h, este último não havia sido incluído pela Defesa Civil nas estatísticas da chuva).
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a criança de Nova Iguaçu foi vista pela última vez na rua Peixes, no bairro de Austin. O menino teria ido ao mercado quando começou a chover e pode ter caído de uma ponte que passa sobre um rio. Buscas são realizadas na região. Até as 12h desta sexta-feira (4), o garoto não havia sido encontrado.
A primeira vítima da chuva morreu soterrada na quinta no distrito de Xerém, em Duque de Caxias. Às 12h20, outra pessoa estava desaparecida na cidade.

O homem que está desaparecido em Caxias pode ser o funcionário Enéas Paes Leme, que trabalhava em uma represa da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) durante o temporal de quinta-feira. Segundo a companhia, há duas represas na Baixada Fluminense responsáveis por parte do abastecimento de água no município. Em uma delas, segundo a assessoria da Cedae, o operador de plantão ficou dentro do centro de operações, sem sofrer nada. Na segunda represa, no entanto, o operador não foi encontrado.

Ainda de acordo com a companhia, o centro de operações não sofreu nenhum tipo de destruição por consequência das chuvas, mas como ainda há notícias de desaparecidos na região, a Cedae aguarda maiores informações por parte do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil. Além disso, a companhia informou que está prestando todo apoio à família do funcionário que desapareceu.
Na manhã desta sexta, um homem de 50 anos que limpava a caixa d´água de sua casa morreu após ser atingido por uma árvore que caiu em decorrência de deslizamento de terra no Alto da Boa Vista, zona norte do Rio.

Estado tem mais de 2.000 pessoas desalojadas
O Estado do Rio de Janeiro tem 2.075 pessoas desalojadas nesta sexta-feira (4) após a forte chuva que atingiu a região da Costa Verde, a Baixada Fluminense e a região serrana.Segundo boletim divulgado pela Defesa Civil às 11h, 444 vítimas da chuva ficaram desabrigadas e 2.380 foram retiradas de casa preventivamente pela Defesa Civil em Angra dos Reis, no litoral sul.
No Estado, o temporal destruiu 58 casas e danificou outras 264 residências (os números não incluem a capital).
A situação mais complicada é do distrito de Xerém. Somente nesta região, 45 casas foram destruídas e 200 foram afetadas pela enchente. Segundo a Defesa Civil, o total de desalojados em Caxias chega a mil, enquanto 276 pessoas perderam suas casas e precisaram buscar auxílio em seis abrigos. Para estes locais, foram enviados colchonetes, kits de cama e kits de higiene. Três rios transbordaram no município: Saracuruna, Inhomirim e Capivari. Nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira ainda chovia na região, mas não havia mais alagamentos porque os rios, embora com grande volume de água, já haviam voltado para os seus leitos.
Em Angra dos Reis, além das pessoas que foram removidas preventivamente, outras 320 pessoas ficaram desalojadas depois que suas casas foram atingidas pela chuva e outras 160 estavam desabrigadas. Houve transbordamento do rio Perequê, no distrito de Mambucaba, e enxurrada no rio Caputera. Nove casas foram destruídas e 38 foram danificadas. Três pessoas ficaram feridas no deslizamento de terra que atingiu oito casas na localidade de Santa Rita do Bracuí. A cidade recebeu colchonetes, cobertores e água.
No município vizinho, Mangaratiba, houve deslizamento de pedras na rodovia BR 101 Sul, a Rio-Santos, e na estrada da Junqueira. Em Constância, um muro desabou e atingiu uma casa, que ficou completamente destruída. Outros cinco imóveis também sofreram danos. Ao todo, 90 pessoas estavam desalojadas na cidade. Houve ainda deslizamentos em Fazenda Inhaíba, na RJ -014, na Ribeira, em Axixa, no Parque Bela Vista, em Palha e em Cachoeira I e II. Também foram registrados alagamentos em Muriqui e parte da população de Conceição de Jacareí foi retirada de casa. A cidade também recebeu colchonetes, kits de cama e água da Defesa Civil Estadual.
Outras cidades da Baixada Fluminense foram atingidas pelo temporal. Em Belford Roxo, os rios Botas, Sarapuí e Iguaçu transbordaram. Segundo a Defesa Civil Estadual, o nível do rio Capivari está muito alto, o que impede o deságue dos outros três. O município tem 50 pessoas fora de casa e outras oito desabrigadas. Várias ruas foram inundadas após a chuva. Em Nova Iguaçu, o rio Botas também transbordou, enquanto que em Seropédica, houve enxurrada no rio dos Bois. Ao todo, 17 casas foram danificadas, deixando 35 pessoas desalojadas.
Na região serrana, Teresópolis foi o município mais castigado. Após o transbordamento do rio Paquequer, 50 pessoas ficaram desalojadas. Por causa do grande volume de chuva, houve acionamento das sirenes de emergência em seis bairros: Caxangá, Perpétuo, Pimentel, Rosário, Vale da Revolta e Santa Cecília. Alagamentos atingiram quatro localidades: Alto, Várzea, Vale da Revolta e Caxangá. Segundo a assessoria da prefeitura do município, 111 pessoas das comunidades do Rosário e do Perpétuo estão no ponto de apoio instalado no Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Professor Sebastião Mello, no Rosário.
Em Petrópolis, houve deslizamento em três bairros: Alto Independência, Siméria e São Sebastião. Três casas foram destruídas e outras quatro foram danificadas, após o transbordamento dos rios Bingen e Piabanha. Foram montados dois pontos de apoio e dois abrigos em Alto Independência e Siméria. A cidade recebeu colchonetes, kits cama e higiene para atender aos 30 desalojados.
Fonte: Portal R7