Casais, pessoas divorciadas ou solteiras podem adotar uma criança ou adolescente
À espera de um filho, 2.244 pessoas estão hoje na fila para adoção no Estado do Rio de Janeiro, segundo dados do Cadastro Nacional de Adoção da última de sexta-feira (6). Em todo o país, são mais de 29 mil futuros pais e mães à espera de adoção. No entanto, estão disponíveis no Rio apenas 315 crianças e adolescentes - no Brasil, o total é de 5.459 menores de idade. Assim, no Estado fluminense, há sete pessoas interessadas em adoção para cada criança.
A juíza Ivone Ferreira Caetano, da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da capital, explica que o tempo das ações de adoção depende de vários fatores.
- O tempo de espera para acolher uma criança ou adolescente é proporcional às exigências apresentadas pelos candidatos a pais, como sexo, cor e faixa etária da criança.
Só neste ano, 443 pessoas entraram com pedido no Tribunal de Justiça do Estado para adotar. Em 2010, foram mais de 1.400 processos.
No município do Rio, os interessados em requerer a habilitação para adoção devem participar de uma reunião realizada toda última quinta-feira do mês, às 13h, no auditório da Vara da Infância, onde são orientados sobre os procedimentos e a inscrição no cadastro para
Quem pode adotar
Casais, divorciados e solteiros podem adotar uma criança. De acordo com a juíza Ivone, ser hétero ou homossexuais também não interfere no processo de adoção.
- Negar-se um pedido de adoção pelo simples fato de os pretendentes apresentarem condição homossexual ou viverem em união homoafetiva seria impedir uma criança de ter carinho, afeto e proteção, além de ser uma atitude discriminatória, vetada pela Constituição Federal. Frise-se que as adoções deste gênero, ocorridas nesta Vara [da capital], têm sido de inteiro êxito.
Ainda segundo a juíza, a legislação não fixa limite de idade para quem for adotar, mas determina que a diferença de idade entre o adotante e o adotando seja de, no mínimo, 16 anos. Também não há idade limite para que uma pessoa seja adotada, sendo que, após a maioridade civil, aos 18 anos, as ações tramitam em Vara de Família.
As regiões Sul e Sudeste se destacam como as que mais têm crianças e adolescentes disponíveis para adoção e pais pretendentes, segundo o cadastro, que mostra também que o Estado de São Paulo está em primeiro lugar nas duas situações, e Rio de Janeiro, em 5º e 6º, respectivamente.
Amor de mãe
A psicóloga Fabiana Toledo já tinha dois filhos biológicos quando decidiu adotar uma menina de 11 anos. Ela realizou o que se chama de adoção tardia, quando a criança tem mais de quatro anos, o que significa que já tem uma história, que pode ser de privação afetiva ou material. Hoje, a filha de Fabiana tem 18 anos. De acordo com a psicóloga, a ligação com a criança não acontece à primeira vista, mas com o dia a dia, assim como é com toda mãe.
- Independe se você é mãe biológica ou adotiva, o amor vem com a convivência diária. Quando se adota, a criança também tem que adotar você. Por isso que é preciso um período de adaptação. Visita-se o abrigo para passar tempo com a criança, depois é um final de semana juntos, até que a leve definitivamente para casa.
Uma das decisões a ser tomada por quem adota crianças menores de quatro anos é contar ou não que a criança é adotada. Para a psicóloga, a resposta é simples: falar a verdade.
- Por que não contar? A gente não conta o que é feio? E a adoção é tão bonita! Adota só quem quer, enquanto muita gente engravida sem querer. Não se deve esconder essa história tão bonita. Na época em que decidi adotar, contei com a opinião dos meus outros filhos, que agora têm um ótimo relacionamento com a irmã.
Sobre as dificuldades diárias de ser mãe adotiva, Fabiana responde que são iguais as que tem com os outros filhos. Ela trabalha como coordenadora de um projeto (o Quintal da Casa de Ana) que funciona em Niterói para ajudar as pessoas interessadas em adoção.
- Não vejo diferença entre ser mãe biológica ou adotiva, pois toda mãe enfrenta o mesmo desafio: lidar com os valores da sociedade atual. É remar contra a maré, pois ensinamos uma coisa em casa e os filhos aprendem algo diferente na escola e na televisão.