Na última década, 35 milhões de pessoas passaram a integrar a classe média no Brasil, segundo estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), da Presidência da República divulgado nesta quinta-feira (20). No total, estima-se que o Brasil tenha 104 milhões de pessoas na classe média, o que representa 53% da população brasileira - 20% estão na classe alta e 28%, na baixa. Em 2002, 38% da população estava na classe média.
O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, Moreira Franco, afirmou que a pesquisa é uma forma de o governo e a sociedade conhecerem a classe média do país.
“Temos 35 milhões de pessoas entrando para a classe média. Os senhores que aqui estão sabem do tamanho desta empreitada, desta mobilização, deste esforço de garantia de direitos ao cidadão. A pobreza no país neste período caiu de 27% para menos de 15% em 2012. A extrema pobreza, que é um dos desafios do governo, passou de 10% da população para menos de 5% da população. Em torno de 18 milhões de empregos foram criados neste período”, afirmou.
Moreira Franco afirmou que um dos objetivos do governo é combater a desigualdade. “Nós entendemos que a diferença não é ruim. As pessoas são doferentes, as pessoas querem praticar a diferença. O que temos de combater é a desigualdade”.
De acordo com o estudo “Vozes da Classe Média”, a classe, com renda familiar per capta que varia entre R$ 291 e R$ 1.019, acessa mais os serviços particulares, como escolas e planos de saúde. Na classe baixa, 5% possuem convênios médicos, na classe média esse percentual chega a 24%.
Os dados também mostram que a renda de 40% da classe média vem do trabalho, sendo que 50% trabalham mais de 40 horas semanais.
Quando o assunto é economizar, a classe média poupa mais que a classe baixa (32% contra 24%) e menos que a classe alta, que poupa, em média, 51%.
Com relação aos estudos, a SAE aponta que 14% dos jovens da classe media estão em escolas particulares. Já nas universidades, eles representam apenas 7% dos alunos.
Renda X classeSegundo os critérios da secretaria, quem vive com mais de R$ 1.019 por mês pertence à classe alta. A comissão responsável pelos parâmetros reconhece que o valor é baixo, mas segundo eles, a renda familiar por pessoa, de mais da metade da população, é inferior a R$ 440 por mês. Para ser incluído no grupo dos 5% mais ricos, a pessoa precisa ganhar na faixa de R$ 2.365 mensais. Para compor a classe do 1% mais rico, a renda mínima é de R$11.000 por ao mês.
O estudo usou dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD), da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), ambas produzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além dessas, o projeto usa pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Instituto Data Popular.
'Transformação profunda'
Para Moreira Franco, a sociedade brasileira está vivendo uma "transformação profunda" com a ascensão de milhões de pessoas à classe média. Esta transformação, segundo ele, está alterando a vida das pessoas não somente no plano econômico, mas também em termos de valores e atitudes.
"É uma mudança que nós temos que começar a nos acostumar. Determinadas ações do governo já estão sendo obrigadas a olhar este segmento de uma outra maneira. Ele deixa de ser objeto de política social apra ser objeto de política econômica. Não é mais assistência social que vai garantir a capacidade dessa parcela da população de crescer, de se desenvolver. Temos de ter política econômica que não veja só o BNDES. Temos que ter políticas que vejam a educação financeira, o crédito, a infraestrutura, que cuide da educação, da qualificação e do emprego. São valores que estamos sendo obrigados a incorporar no nosso universo de ação pública", declarou ele.
Fonte: G1