A luta de despedida de Popó será no dia 29 de outubro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, com transmissão ao vivo e público estimado em 8 mil pessoas. Em conversa exclusiva com o R7, o boxeador conta que voltará ao ringue em homenagem ao caçula chamado Acelino Popó Freitas Jones, carinhosamente apelidado de “Popozinho”.
- Foi essa figura que me pediu para lutar. Estou parado há um tempão, desde 2007, e de uma hora para outra ele inventou essa história. Eu falei para que eu poderia fazer uns treinos, pegar uns caras e dar porrada, mas ele disse que não, que queria luta.
O pequeno tem seis anos de idade e subirá no ringue ao lado do pai, que hoje corre atrás dos quatro anos afastado dos treinos. Mas Popó mostra-se satisfeito com seu desempenho e, bem humorado, conta que, “além do futebol, se foi na academia dez vezes é muito”.
- O Popozinho está sendo minha maior inspiração, mas eu nunca imaginava ter uma força de vontade tão grande. O meu treinador está até admirado, fica elogiando. Não sei se é coisa de fã ou se é verdade.
O adversário ainda não tem nome definido, mas sabe-se que será argentino. Popó garante que os vizinhos, apesar de nunca terem ganhado um embate sequer do brasileiro, “são cascas grossas!”
Além da luta de despedida, haverá ainda outros sete duelos em disputa a dois títulos internacionais e um nacional. Quem quiser assisti-la da platéia – com capacidade para 6 mil pessoas -, terá de levar ao Centro de Convenções um quilo de alimento não perecível. Em volta do ringue estarão cerca de dois mil convidados selecionados, entre eles parlamentares e outros políticos de Brasília, que deverão levar uma cesta básica para doação à cruz vermelha.
Brasília A escolha por Brasília não foi por acaso. Popó recebeu apoio do Governo do Distrito Federal para realizar sua luta de despedida, além de contar com patrocinadores privados. Ele lembra que, em 2009, tentou fazer em Salvador um duelo em comemoração aos 10 anos do seu título mundial, mas não teve sucesso.
- Além de ser o centro do nosso país e a capital federal, eu já lutei em Brasília dez anos atrás. Fui bem recebido no [ginásio] Nilson Nelson. Quando tentei fazer uma luta de comemoração na Bahia, não tive resposta e apoio nenhum. Aqui [em Brasília] eu tive apoio do governo, de patrocinadores. Então para mim foi mais fácil.
Na capital federal, o deputado divide um apartamento funcional (imóveis pertencentes à Câmara e destinados a parlamentares) com um assessor e dois treinadores de boxe. Desde que voltou a treinar em uma academia na Asa Norte, tem que se desdobrar para conciliar boxe e parlamento.
- Eu tenho treinamento às 18h. Saio daqui [Câmara] correndo, fico lá treinando, treinando, treinando e de repente me ligam: começou a votação. Aí eu tenho que sair correndo de volta para a Câmara.
Apesar de eleito pelo Estado da Bahia, o deputado recebe em seu gabinete atletas de Brasília e do entorno (municípios goianos próximos à capital) necessitados de pequenas ajudas, como passagens aéreas para participar de torneios, pagamento de taxas de inscrição, tênis e luvas de boxe.
- Na maioria das vezes eu tiro até do meu bolso. Porque aqui [gabinete da Câmara] não é o ministério do Esporte, que tem material para distribuir. Aqui tem a pessoa Popó, que já foi atleta e que muita gente já ajudou.
Popó diz ter se tornado deputado para contribuir com o esporte brasileiro e não pelo salário e pela comodidade: “é um dinheiro que eu não precisava. Graças a Deus o boxe me deu tudo”.
O boxe parece ter lhe dado tudo mesmo. Das 40 lutas que disputou profissionalmente, venceu 38, sendo 32 por nocaute. O atleta conquistou os títulos mundiais dos superpenas da OMB (Organização Mundial de Boxe) e da AMB (Associação Mundial de Boxe) e foi duas vezes campeão leve da OMB.
Do R7.COM